sexta-feira, agosto 07, 2009

Amor & Ódio



- Eu estou exausta! – ela gritava, movimentando as mãos nervosamente, inclinando o corpo na direção dele de forma agressiva. Ele a observa com alguma indiferença e um ar de superioridade que a irritava ainda mais. – Não aguento mais!

- O que você quer que eu faça, o que você quer de mim, Cam? – arqueou a sobrancelha, o tom de voz não era carinhoso, ele não sabia ser carinhoso, era, ao contrário, arrogante e orgulhoso. – Você não pode acreditar que a culpa das nossas discussões freqüentes são minhas...

- Esse é o problema! Você nunca acha que nada é culpa sua, você nunca erra, você é o Sr perfeito, o Sr dono da verdade. Essa sua arrogância, essa sua prepotência... você simplesmente não sabe quando parar!

- Parar? – ele riu com o canto dos lábios em um tom irônico, o peitoral nu à mostra. Caminhou até a mesa da sala e pegou um maço de cigarros sobre a mesa. – Não estou fazendo nada, Cam... você que está totalmente descontrolada, pra variar.

- Cara...! – ela parecia descentre, levou as mãos ao rosto e cobriu-o com os dedos como quem está prestes a chorar, mas não daria mais aquele gostinho à ele – Theo... você é uma criança. Uma criança! Você é mimado, infantil... incapaz de ter uma conversa ou discussão adulta... não consigo entender COMO eu me apaixonei por uma criatura tão mesquinha e insensível.

Ele tirou um cigarro amassado de dentro do maço e acendeu com um isqueiro tipo “bic”, despretensiosamente, observando-a em silêncio por alguns instantes, ainda sustentando o sorriso irônico no canto dos lábios. Tragou e soltou a fumaça para o alto, exatamente onde sabia que a corrente de ar levaria na direção dela – que não fumava.

- Terminou? – ele murmurou, arqueando uma única sobrancelha, cretino.

Ela queria gritar. Rasgaria as próprias roupas se elas não fossem tão caras. Partiria para cima dele se ele não fosse tão maior do que ela. Ele definitivamente sabia como deixá-la irritada e estava conseguindo ir além dos limites do aconselhável para a sanidade mental e saúde física de qualquer um dos dois.

Cam saiu andando, deixando-o na sala e subiu as escadas com passadas fortes e resolutas. Entrou no quarto, a cama de casal bagunçada e os lençóis espalhados, buscou embaixo dela uma mala pequena e a abriu sobre o edredom. Abriu a porta do armário e começou a buscar qualquer peça de roupa que encontrasse pela frente e jogar para cima da cama. Parou por um segundo, esperando que ele viesse atrás dela – sem sucesso. Não escutava nem mesmo os passos dele na escada, ao contrário, ouvi o som de água corrente e talheres no piso de baixo.

Jogou mais roupas por sobre a cama enquanto era tomada por soluços intensos e vergonhosos. Tentava engolir o choro e as lágrimas torrenciais que ameaçavam escapar dos seus olhos claros. Não demorou dez minutos para terminar de jogar tudo o que havia colocado na cama dentro da mala, fechá-la e caminhar escada a baixo na mesma velocidade que havia subido. Já direcionava o corpo na direção da porta quando escutou a voz dele por trás do balcão da cozinha estilo americana ao lado da escada.

- Sabe o que eu acho? Que você é covarde. Acho que você se esconde atrás de todas essas discussões, e de todas essas ofensas, pra não admitir sua própria fragilidade e culpa nas coisas que não dão certo entre nós dois... E que na primeira oportunidade, dá chilique, arruma as suas coisas e foge, ao invés de lidar com o fato de que nós somos diferentes. Pensamos diferente. Agimos diferente. E entender que eu nunca vou mudar o que eu sou e como eu sou só pra caber no seu moldezinho de príncipe encantado...

Ela não acreditava no que estava escutando. Ele contornou o balcão e apareceu atrás dela, com um copo de suco de laranja na mão e a face impassível. Ela adiantou-se na direção dele.

- Covarde?! Covarde é você que é incapaz de manifestar qualquer sentimento, qualquer demonstração de preocupação ou de carinho que não seja com você mesmo!

Ele balançou a cabeça negativamente. – É uma pena que você pense assim, mas não sou eu que estou desistindo do nosso relacionamento. É você... Você não está me vendo com uma malinha nas mãos, está? Isso não é a maior demonstração de covardia que você poderia imaginar?

Sem pensar, ela golpeou o rosto dele com a palma da mão em um tapa forte o suficiente para fazê-lo deixar o copo de suco escorregar e tombar, quebrando-se no chão. Os olhos dele se acenderam, então, pela primeira vez, e ele fixou o olhar sobre o dela, assustador, como se fosse atravessá-la a qualquer momento.

- Obrigado por provar a sua covardia agredindo alguém que você sabe que não vai revidar.

Ela avançou novamente na direção dele, visivelmente descontrolada. Dessa vez, de mãos livres, ele a agarrou pelos pulsos. Ela passou a se debater, descontrolada, e ameaçou gritar, encarando-o e tentando se desvencilhar. Ele riu baixo, ainda com o olhar fixado no dela. Ela empurrou o corpo dele contra o balcão da cozinha americana e passou a beijá-lo com volúpia. Ele retribuiu. Ela mordeu com força o lábio inferior dele, ele riu, sem soltar os pulsos dela, o lábio com um pouco de sangue, beijou-a com intensidade e girou o corpo, colocando o dela contra o balcão, pressionando-o com o seu próprio. Soltou as mãos de Cam, que foram automaticamente para a nuca de Thom, puxando seus cabelos negros, agora com alguma gentileza.

- Eu te odeio. – escutou ela dizer baixo.

- Eu te amo. – ele disse no mesmo tom.

Voltaram a se beijar.

Um comentário:

Bia disse...

me lembrou london!! hauhauhauhauhauhauaha!! eh o q eu digo: briga d casais tem q acabar em sexo, senão fudeu!