sexta-feira, julho 11, 2008

Casamento!


Recentemente meus avós completaram 50 anos de casamento, um número assustador. Como um cara complicado e que eventualmente acaba enjoando das coisas e das pessoas acaba sendo muito difícil conceber a possibilidade de ficar 50 anos ao lado de um mesmo alguém, porém, não parece ser impossível.

O segredo não é tão secreto assim. Reconheci-o largado tranquilamente durante um bate papo sem maiores pretensões, contido em uma frase da minha avó: “Você só tem que se preocupar em casar com alguém que possa se tornar o seu melhor amigo, porque no final é isso que o casamento se torna – uma grande amizade”. Me fez pensar um pouquinho. Não é nada que eu já não saiba, mas de alguma forma fez com que eu lembrasse um pouquinho do antigo Gabriel – um pouco mais romântico, um pouco mais crédulo – e de tudo aquilo que ele acreditava.

Houve uma época em que eu acreditava plenamente que o amor era algo que se construía com o tempo, que crescia conforme os vínculos eram criados – muito além da paixão de um relacionamento curto -, e que por mais que o passar do tempo pudesse apagar a paixão “posto que é chama”, e que pudesse modificar o amor, ele se desenvolveria em algo sublime – um respeito mútuo pelo que o parceiro representa, o conceito puro por detrás da expressão francesa “adore”. Não consigo enxergar um lugar, hoje, que isso se aplique mais do que em uma “grande amizade” – o respeito mútuo, os interesses em comum, os vínculos que se fortalecem, as escolhas e a liberdade de ser autêntico e sincero.

Porém, não consigo ver as mesmas questões dentro dos relacionamentos atuais – vejo pessoas com medo da entrega e de criar vínculos (e perder, com isso, uma liberdade ilusória), muitas vezes incapazes de deixar o ego de lado pelo outro e de mostrar sua verdadeira faceta – com lindos defeitos assim como méritos – por achar que isso é um demérito, ou que pode afastar o outro alguém. Vejo pessoas que não conseguem estabelecer um compromisso, respeitar o próximo, entre tantas outras problemáticas. Talvez por isso é que existam, hoje, muito mais grandes amizades do que grandes amores, e seja também o motivo dessas amizades durem bem mais tempo que nossos romances.

Eu nunca dei apoio à instituição “casamento”. Casaria, é claro, fosse esse o desejo da pessoa que eu escolhi viver junto para o resto da minha vida, mas é somente nisso que eu acredito – que, hora ou outra, vai existir alguém que eu escolherei viver junto para o resto da minha vida. E eu duvido muito que essa pessoa seja alguém que eu encontrei perdido por ai, que tive um bom momento com, sem envolvimento pessoal, pura física, e depois segui meu rumo. É muito mais possível, e provável, que se desenvolva de uma grande amizade – do jeito que eu acreditava antigamente, mais romântico e mais ingênuo que era. Tudo muito naturalmente, é claro – é muito remota a possibilidade de que a manifestação de um sentimento esteja vinculada ao fato de você tentar e se esforçar muito para que ela aconteça (aprendi isso à duras penas, embora hoje conheça outras formas de deixar as coisas acontecerem e facilitar a ida e vinda de sentimentos), é algo instintivo – surge quando você não espera, o que o torna muito mais interessante – desde que você esteja disposto à.

Isso não quer dizer, no entanto, que eu ou qualquer pessoa devamos deixar de aproveitar todo o resto que o amor, a paixão e o sexo podem prover. Sempre fui um homem de vários “amores da minha vida”, que construiu grandes castelos e com o tempo superou suas ruínas. Quer dizer que simplesmente não devemos fechar as portas e desacreditar em belas parcerias, porque na hora certa elas chegarão.

2 comentários:

Liene disse...

Ok. ._.

Anônimo disse...

é...quando vc menos espera vc encontra alguém especial que te faz ficar bobo de novo...=)
Boa sorte para vc encontrar a sua pessoa gabs \o/
Adorei seu texto bonitinho...me lembra certas conversas \o/
Beijinhos