sábado, março 22, 2008

Qual a Medida da Intensidade?




Ás vezes eu acredito que a maioria das coisas é regida pela intensidade que você aplica ao ato.

O resultado de tudo depende de uma fórmula que envolve intensidade com quem você deseja aquela coisa e a intensidade da força aplicada para consegui-la e retê-la. Quer dizer, ás vezes é mais difícil você manter algo ao qual você deseja ou desejou do que simplesmente consegui-lo – ou tomá-lo para si. Com um pouco mais de intensidade, ou um pouco menos, você acaba deixando as coisas escaparem por entre seus dedos.

É assim pra todas as coisas. Tanta gente que desejou muito ser famosa e conseguiu acabou deixando a fama escapar por vivê-la de mais, no limite, intensamente... ou vivê-la de menos, recluso e isolado, deixando a mística morrer. Nas relações humanas, eu acredito, é a mesma coisa. Hoje eu compreendo mais do que nunca que é necessário encontrar um balanço entre dedicação e descaso – embora não tenha encontrado esse balanço ainda, na maioria das minhas relações. Volta ou outra esse assunto volta à minha pauta – uma dedicação exagerada àquilo que eu, inseguro, acho que não possuo e o descaso com o que tenho a certeza burra de que vou ter para sempre. O que não quer dizer que eu goste mais, ou menos, por isso.

Uns bons quatro anos atrás eu tive uma crise séria por causa disso. Me via dedicando muito tempo a pessoas que eu sabia que não valorizavam a dedicação, e negligenciava os amigos de verdade. No final, em um momento complicado, fui procurar no celular alguém que pudesse recorrer de verdade em um momento de aflição, por curiosidade, e percebi que não podia contar com ninguém – a não ser eu mesmo. As pessoas que eu cuidava com intensidade não eram importantes o suficiente pra que eu tivesse tranqüilidade para me abrir, e as pessoas que conseguiriam me entender eu havia posto de lado, e não tinha coragem para falar.

Não acho que eu cometa o mesmo erro hoje em dia. Eu tenho certeza que me dedico o suficiente ou demais às pessoas que realmente valem à pena, e não tenho nada mais do que um contato político com as que eu acho que não valem. Ainda assim, ás vezes acho que continuo pecando pelo excesso em alguns casos e negligenciando outros que, por algumas experiências recentes, percebo que mereceriam um pouco mais de mim.

Parece que me falta justamente o feeling do balanço entre uma coisa e outra, como o momento certo de soltar o pedal de embreagem. Eu credito isso, em partes, à natureza humana da qual não poderei nunca abdicar, e em partes ao meu desequilíbrio pessoal – minha insegurança, meus medos, minha preguiça, meu orgulho, minha sensibilidade e principalmente ao fato de que embora eu tente o tempo inteiro racionalizar as atitudes minhas e do mundo, eu sou uma criatura passional.

Ainda assim, se de tudo que vivi tento tirar uma lição, a que aprendi a 4 anos atrás foi a que é melhor pecar por dedicar-se com mais intensidade às pessoas que eu realmente gosto e que gostam de mim – mesmo negligenciado sem querer algumas outras pessoas. Engraçado, revejo amigos ultimamente que me conhecem á muito tempo e as opiniões se dividem – ou eu mudei muito, ou eu não mudei nada.

Eu acho que mudei o suficiente – aqui, ao menos, encontrei um balanço. Coloquei algumas máscaras, removi algumas outras, aprendi a gostar de gostar das coisas e me interessar por elas, aprendi a dizer verdadeiramente “eu te amo” e a não ligar para o que boa parte das outras pessoas dizem, e com a intensidade certa, acredito que aprendi a viver um pouquinho mais. De uma coisa, ao menos, eu tenho certeza - todos os que eu amo, independente da intensidade, eu amo de verdade.


E acho que a gripe me derrubou mesmo ;P

Um comentário:

Liene disse...

Cada um que te olha analisa sob um aspecto diferente. E como mudamos em partes, algumas pessoas notam, outras não.

Emagrecer é mais fácil do que se manter magro. Deve ser por causa dessa intensidade que dizem que a jornada é mais importante que o destino.

É difícil saber dosar a dedicação a alguém porque nem sempre o que sentimos empata com o merecimento da pessoa. E cada pessoa é um mundo novo, não há como comparar com nada. Vai estar sempre certo e sempre errado. O que se pode fazer é acertar para fazer bem a alguém e errar para não magoar. - Pecar sempre por excesso, mesmo que a pancada seja na sua cabeça.