terça-feira, março 04, 2008

Paris, je t'aime.



Eu não gosto quando isso aqui começa a parecer um blog de cinema, mas não consigo evitar esse post. Acabo de me apaixonar por um filme que venho namorando a algum tempo. Paris, je t’aime é uma obra que eu tento assistir desde quando foi lançada no festival de cinema e não havia conseguido até esse fim de semana – valeu a expectativa. É o melhor filme de curta-metragens que já assisti depois de “Coffee and Cigarettes” do Jim Jamursch.

O filme tinha tudo pra ser extremamente boring, com a temática batida sobre a cidade do amor, mas ele não é. São 18 filmes por 20 diretores diferentes e eu quero e vou falar por cima sobre todos, porque realmente são legais. E haverão spoilers.

Cada um dos filmes conta uma história em um dos distritos de Paris, começando por: Montmartre, o distrito mais famoso – a direção é de Bruno Podalydès, diretor independente francês. O curta mostra um homem tentando encontrar uma vaga para estacionar o carro em uma rua muito movimentada, com muita impaciência, que temperada com alguns gestos de carinho refletem a personalidade de muitas das figuras de uma metrópole como Paris, ou São Paulo. O segundo curta, Quais de Seine é do diretor Gurinder Chadha, diretor de Bollywood, e é um dos mais bobinhos, só é ligeiramente engrçadinho – fala da relação entre um jovem parisiense pseudo-virgem com uma mussulmana.

O terceiro filme já é de um diretor famoso, Gus Van Sant de Elephant e Finding Forrester, e fala de alguns problemas de comunicação entre um americano que não fala francês, e um francês moderinho no distrito de Le Marais, o mais gay de Paris. O quarto curta já é o melhor de todos, dos irmãos Ethan e Joel Coen, com o Steve Buscemi no elenco, Tulleries mostra um turista americano no metrô de Paris dividindo sua atenção entre um livrinho de conduta e um casal jovem se pegando do outro lado do trem, quando de repente, o homem do casal se sente incomodado e decide tirar satisfação, excelente curta com as características plenas do humor negro dos Coen.

O quinto filme é mostra já um pouco de nostalgia, dos brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas, Loin du 16e é sobre uma hispânica que tem de deixar o filho na créche e pegar muitos trens para cuidar do filho dos outros. O sexto é o mais sem noção, de Christopher Doyle, diretor de fotografia de filmes excelentes como 2046, Dama na Água e Paranoid Park, leva o nome de Porte de Choisy e se passa num bairro oriental. Um homem está vendendo produtos de beleza, mas é atacado por uma dona de salão lutadora de Muay Thai, que o prende (num templo budista com uma pista de boliche) mas depois se arrepende, porque o livro de produtos dele tem fotos de penteados de famosas americas – ela pede pra que ele corte os cabelos das clientes daquele jeito, ele não é cabelereiro, mas aceita, e fica famosíssimo por um dia inteiro, quando tem de se despedir do mesmo jeito que chegou, deixando a oriental bonitona com um cabelo excepcional. Vai entender.

O sétimo curta é um dos melhores, da Isabel Coixet (Minha Vida Sem Mim e A Vida Secreta das Palavras), chama-se Bastille. A diferença começa no estilo da narrativa – um narrador conta a história de um homem que está prestes a deixar a mulher, fala dos problemas conjugais, mas hora que ele vai pedir o divórcio ela mostra que está com leucemia e vai morrer em breve, ele então, decide ser um bom marido e ficar com ela até o último momento, mas, “de tanto esforçar-se para parecer apaixonado, ele acaba se apaixonando novamente”, conforme diz o narrador. O oitavo, de Nobushiro Suwa, que eu particularmente não conheço, trás no elenco Williem Dafoe e Juliet Binoche, chama-se Place de Victoires e mostra a trajetória de uma mãe francesa tentando superar a morte do filho fascinado por cowboys americanos.

O nono, de Sylvain Chomet também é um dos mais malucos, porém, um dos mais divertido. Chamado Torre Eiffel, é a história de um garoto contando como seus pais se conheceram – na prisão. Detalhe, os pais são dois mímicos. É engraçadíssimo. O décimo é do famoso Alfonso Cuarón (E Sua Mãe Também, Harry Potter e um dos meus favoritos, Filhos da Esperança) e não possui cortes por quase 4 minutos. Com Nick Nolte no elenco, Parc Monceau mostra a caminhada dele e de uma mulher no que parece uma conversa entre amantes com referências ao marido da mulher, mas acaba sendo somente pai e filha, discutindo sobre o neto. Bacaninha, embora tenha sido visivelmente re-dublado por cima.

O décimo primeiro, de Olyvier Assayas, que eu nunca ouvi falar mas o imdb me diz que ele foi o escrito de Filha da Mãe com o Wilker, chama-se Quartier des Enfants Rouges e tem a Maggie Gyllenhaal (irmão do cowboy viado que ainda vive) e fala sobre uma atriz de hollywood junkie pedindo drug delivery e rolando um clima com o motoboy. O décimo segundo, Place des Fêtes de Oliver Schmitz, que também não conheço, é o único sobre os negros parisienses e mostra, literalmente, que o amor mata – mesmo que sem querer.

Décimo terceiro é o interessante Pigalle, com o Bob Hoskins e dirigido por Richard LaGravenese, o diretor de P.S. Eu Te Amo. Mostra um casal já depois dos cinquenta fazendo de tudo pra manter o casamento de pé – inclusive brincando de interpretar papéis. O décimo quarto é o mais diferente de todos, Vicenzo Natali é o diretor, e o vídeo chama Quartier de la Madeleine, é um filme bem noir com o Frodo e música de suspense, muito sangue bem vermelho e uma vampira gata flutuando.

Décimo quinto, Père-Lachaise, de Wes Craven (Pânico e Red Eye), tem no elenco o Rufus Sewell (eterno vilão), a Emily Mortner e o Alexander Payne fazendo o Oscar Wylde (ele dirige um também), que dá dicas românticas para o Rufus, um cara sem senso de humor algum, não deixar a Emily ir embora em busca de novas aventuras. O Décimo sexto é de um dos meus diretores favoritos, Tom Tykwer de Corra Lola, Corra e tem a Natalie Portman no elenco, fazendo uma personagem chamada Francine (had to mention). É também um dos melhores. Começa com um telefone tocando e um garoto cego atendendo, e ela faz um discurso típico de quem vai terminar um namoro e se matar. Então, pela cabeça do cara, em velocidade alucinante e numa linguagem típica do Tykwer, passam todas as lembranças de como eles se conheceram e de como o cara ama a mina, você descobre que ela é uma atriz wannabe, e no final, ela só estava ensaiando um texto – mas ele achou que era verdade.

O décimo sétimo, de Fréderic Auburtin e Gérard Depardieu, com o mesmo atuando, fala sobre um casal idoso, que namora jovens, pedindo o divórcio. O destaque fica para o humor ácido. E finalmente o último e mais chado, do Alexander Payne (Sideways), fala de uma texana solitária em sua viagem para Paris, uma cidade ao mesmo tempo triste e feliz.

É isso, agora vejam o filme. Não liguem pros spoilers.

Um comentário:

Liene disse...

Gabs, sinto muito, meu nível de boa vontade tá baixo. Vou ler não. =x