terça-feira, junho 26, 2007

The ever stormy seas...

Pegando onda na mania “piratícia” que surge toda vez que sai um filme do Piratas do Caribe, surge-me uma visão do mundo interessante, firmemente relacionada ao conceito de mar, e água, que é claramente o elemento regente do nosso planeta.

Ouvi uma expressão em um filme, hoje mais cedo. Não era bem uma expressão, no caso, era mais uma afirmação referente a situação que o rapaz, um médico em um navio negreiro, passava. “The ever stormy seas”, a tradução é “os mares sempre turbulentos”, ou tempestuosos. Por si só isso não quer dizer nada. Metaforicamente, é uma analogia interessante a se fazer dada a narrativa do filme, e da maioria das narrativas em geral, que cabem bem como forma de representação das nossas vidas.

É comum que nossas vidas muitas vezes sejam como o mar. Uma seqüência de uma mesma propriedade, o tempo, sobre a qual navegamos sempre em busca de um objetivo ou meta pessoal, ser feliz, por exemplo. Ou conseguir uma promoção no trabalho, encontrar o amor de nossas vidas, ou qualquer um desses clichês. Então, percorrendo essas tais águas, podemos encontrar pelo caminho surpresas boas ou ruins, descobrir um continente ou ser atacado por outros navios, podemos encontrar um mapa de tesouro ou uma besta abominável, independente do que seja, no nosso percurso existe sempre a possibilidade de encontros e situações que não temos total controle sobre.

Temos o timão em mão e direcionamos nosso barco pelo mar, damos uma direção. Seguimos um caminho. Até calculamos e planejamos com mapas o nosso destino, mas o acaso é um fator indiscutível. E ninguém controla o acaso, ou talvez Deus, se você acreditar em um, mas ai deixaria de ser acaso. É óbvio que nesse percorrer, adquirimos experiências no controle de nosso barco, enfrentamos problemas de fome e rebeldia, e podemos até aumentar a capacidade de carga que estamos habituados melhorando a qualidade do casco, carga física ou emocional, não importa.

Não há nada de novo no mar como analogia da vida, mas o que é interessante nessa frase, “the ever stormy seas”, é o “ever stormy”. Ou, o sempre turbulento. Sempre, de desde sempre, para sempre, por todo o sempre. Adiciona-se, então, um pequeno agravante pessimista, que particularmente me agrada, à analogia do mar. O fato de estarmos sempre enfrentando mares turbulentos, ou mais claramente, grandes dificuldades.

O mar se move em ondas e correntes. Grandes ou pequenas, fortes ou fracas, são elas que o movimentam. O tempo também. A intensidade dessas ondas, a sua agressividade, é subjetiva, e faz parte do ponto principal da discussão. Em mares calmos podemos chegar com alguma tranqüilidade no próximo porto. Mas com mares sempre turbulentos, entre um porto e outro, existem momentos gradativamente terríveis de dificuldade. É um percurso difícil de se superar, as ondas são maiores e agressivas e muitas vezes perdem-se peças importantes jogadas ao mar, ou atingidas por um raio, ou até mesmo amotinadas. Porém, a gratificação e o sentimento de superação ao chegarmos no nosso próximo “porto seguro” é maior do que se a viagem fosse tranqüila.

Lidando frequentemente com os mares sempre turbulentos aprendemos a superar as adversidades do tempo e desenvolvermos nossas características pessoais. O momento que crescemos como pessoas sociais não é quando estamos seguros em nosso porto, e sim quando enfrentamos os mares turbulentos. São eles que nos ensinam as principais lições. E são eles que nos fazem valorizar e desejar o próximo pedacinho de mato e terra que encontrarmos no caminho.


O mais engraçado é que eu nem sei nadar.

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Pós-Escrito:

Férias tem suas vantagens, parece que eu volto a me inspirar um pouquinho, ter novas idéias e tempo para desenvolvê-las um pouquinho, o que me permite atualizar essa birosca com mais tempo.

Aliás, estou anotando todos os filmes que eu assisto durante um mês. Quero ver quanto tempo eu perco com essas coisas. Aliás, tempo é uma coisa recorrente depois que assisti “A Fonte da Vida” do Darren Aronofsky. Achei bem legal, ao contrário das críticas. Um romance bem bacaninha e conceitual.

2 comentários:

. disse...

nossa, brigada pelo comentário, gostei muito ^^
E você falou TUDO sobre o negócio de homens.. Eu generalizei, esse foi o problema.
Brigada mesmo!
Beijão =*

Unknown disse...

Oii!
Nhaa...adorei esse texto...o assunto é uma das coisas que mais penso =)

Ah...quero ver filminhos com vc nas férias...\o/
Beijinhooos!