domingo, janeiro 07, 2007

O bacana de prometer é não cumprir.

Eu não acredito em promessas.

Poisé, ainda pegando o ritmo pós festividades de fim de ano, volto com uma série de assuntos a serem discutidos, mas, sem estímulo para desenvolver nenhum. Escrevo então sobre o mais fácil, promessas. Nada mais clichê do que falar disso após o ano novo, aproveitando o embalo. Meus incontáveis cinco fãs disseram que eu devia escrever sobre preguiça. Diz por ai que o Thom York só gravou o vocal de Fake Plastic Trees depois de quase três meses do resto da banda ter feito o instrumental, ele estava esperando o clima certo. Depois de gravar, ele chorou. Eu quero algo mais ou menos assim para poder escrever minha obra prima. Até lá, fiquem no aguardo. Eu prometo que um dia vai.

Aliás...

A maioria das pessoas que freqüentam esse blog tem consciência de que aquele que vos escreve é um dos maiores apoiadores da hipocrisia e do hedonismo. Como na vida de todo cretino hipócrita e cínico o prometer é assunto recorrente – promessas e sarcasmo (considerada por alguns a forma mais baixa de se demonstrar inteligência) poderiam dar, e já deram, origem a inúmeros best-sellers.

Com a experiência enorme dos meus vinte e um anos posso dizer que toda promessa é seguida invariavelmente pela uma descrição de um evento que possivelmente não irá acontecer. Não do jeito que a pessoa diz que vai, pelo menos. Talvez aconteça em períodos diferentes do considerado, talvez aconteça pela metade, mas jamais será aquilo que você espera (um dos motivos da esperança ser a merda que é, vale a pena ler A felicidade, desesperadamente do André-Comte Sponville pra entender o que eu digo).

Isso acontece porque o ser humano é volátil e amplamente suscetível à ação de agentes externos. Estamos sempre em mudanças, e fatores novos (ou até mesmo antigos) influem nas nossas decisões o tempo inteiro, portanto, quando fazemos uma promessa, podemos até ter a intenção inicial de cumprir mas acabamos por optar não fazê-lo. Depois de algum tempo, nossas prioridades são modificadas por uma série de forças que passam a diminuir a importância de manter a promessa frente às outras coisas que parecem mais vantajosas ou importantes na seqüência da nossa existência (acredito que fazemos julgo de valores todo o tempo, e se o valor da promessa for mais baixo que o de quebrá-la, é somente normal que o façamos).

Isso vale tanto para promessas de enorme tamanho e importância quanto para aquelas comunzinhas do nosso dia a dia. Alguns exemplos clichê pra ilustrar: quando um candidato a cargo político diz eu prometo fazer xyz, ele pode até querer cumprir aquela promessa no momento (o que eu duvido, mas whatever) em que a fez, no entanto, depois que ele assume o poder, uma série de fatores externos começam a pressioná-lo e fazê-lo rever suas intenções – a idéia de aprovar a lei que diminui o salário dos deputados para 300 reais por mês com direito a vale refeição e transporte e morrer torturado como mártir da revolução acaba perdendo pro mensalão de 300 mil com direito a cadeira cativa nas festinhas privê do governador. O mesmo vale para o casamento, é muito fácil jurar estar do lado da sua para-sempre-amada na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza quando ela é uma loira gostosa e siliconada no auge da atividade sexual, o problema é fazer o mesmo quando ela estiver obesa, cinquentona e gastando todo o dinheiro da sua conta no bingo.

Esses são só dois exemplos enormes. Existem aquelas promessas pequenas que fazemos costumeiramente, e que parecem aumentar conforme nos aproximamos de datas fronteira, como virada do ano e aniversário. Por exemplo, prometer parar de beber – até a próxima festa lotada de gostosas em que você precisar de um pouco de álcool pra dar coragem. Ou parar de comer chocolate – até terminar com o namorado e a irmã oferecer uma barra de diamante negro. Ou qualquer uma daquelas promessas banais que você faz aos seus amigos todos os dias, do tipo prometo que vou contigo ver tua mãe com lepra no hospital nesse fim de semana, e se lembra, em cima da hora, que a sua avó morreu na noite anterior e você precisa dar força para a família, isso só para deixar caricata a argumentação, visto que vocês podem pensar sozinhos nas diversas promessas que fizeram, e ainda fazem, e não cumpriram ou vão cumprir.

Eu, como um cara estranho, uso as promessas dos meus amigos para observar o valor que a amizade possui para eles. Examino vários aspectos, como por exemplo, a durabilidade. Uma amiga disse que ia ir todos os dias da semana comigo na Mostra Internacional de Cinema, ela manteve a promessa três dias, no quarto ligou pra dar satisfação, no quinto também, no sexto desencanou, no sétimo nem lembrava mais. O valor da minha amizade foi suficiente para manter ela consciente da promessa que fez durante cinco dias. Fiquei muito feliz, isso é quase um recorde. É costumeiro que as promessas tenham a validade de sua duração entre dois ou três dias. Outro aspecto é a assertividade, até quanto uma pessoa está disposta a confrontar a moralidade alheia para manter uma promessa. Ou a interação(x)interesse, qual o vínculo que se criou entre o prometido e o promessor (essa palavra não existe). Por exemplo, se eu prometo ir assistir Xuxa Gêmeas com meu irmão mais novo e fico xingando o filme de cara brava o tempo inteiro e depois reclamando como um velho rabugento (o que eu provavelmente faria), o meu nível de interação com a promessa é negativo mas meu interesse também, logo deve ter em consideração o valor do sacrifício que foi para mim arcar com o prometido mas ainda assim isso não me dá o direito de ficar perturbando ele para sempre (o que eu faria novamente), pra alguns é melhor que o outro não cumpra uma promessa à suportar o mal humor do outro depois de cumpri-la.

O post está ficando longo de mais, enfim... já deu pra passar a idéia principal. A única coisa que vale alguma coisa nesse texto é o quarto/quinto parágrafo mesmo, então se quiserem só lê-lo e comentar, sintam-se a vontade.

Eu não acredito em promessas - e prometo que volto a atualizar o blog de dois em dois dias. Pode cobrar!

2 comentários:

Anônimo disse...

ahh brow
sem comentariosss
teus textos sao otimos
mto foda ;))

pow kra
me dah uma aula de redação
eu preciso passah no vest
eiuaheuauiheaui
;xxx
zuera ;)

abração kra

Anônimo disse...

Err... tô a uma semana terminando o texto pra postar aqui e vc me encabeça outro, pqp!